NO APOIO À ECONOMIA REAL E SUSTENTÁVEL
A Fiare Banca Ética apresentou o Terceiro Relatório sobre Finanças Éticas e Sustentáveis na Europa, elaborado pelas duas fundações do Banco Ético (Espanha e Itália).
O relatório destaca que os bancos convencionais apenas destinam ao crédito à economia 40% dos seus recursos, destinando o restante à especulação financeira. Em contrapartida, os bancos éticos europeus investem 3 em cada 4 euros dos seus ativos em empresas e projetos individuais, enquanto o restante é colocado em fundos de investimento ético.
No dia 11 de dezembro de 2020, o Fiare Banca Ética apresentou em streaming o terceiro relatório sobre Finanças Éticas e Sustentáveis na Europa, elaborado em conjunto pelas duas fundações do banco, em Espanha e em Itália. Este relatório destaca que os bancos convencionais destinam ao crédito apenas 40% dos seus recursos, destinando o restante à especulação financeira. Em contrapartida, os bancos éticos europeus investem 3 em cada 4 euros dos seus ativos em empresas e projetos individuais, enquanto o restante euro é investido em fundos de investimento ético.
O resultado são 51 mil milhões de euros investidos em projetos de desenvolvimento sustentável.
“Estes factos, colocam os bancos éticos como um parceiro muito mais eficaz para a aplicação dos fundos comunitários da UE, bem como em qualquer política monetária”, afirmou Jordi Ibáñez, diretor da Fundação Finanças Éticas.
O relatório faz uma análise comparativa entre a banca ética e a banca convencional na Europa do ponto de vista da eficiência económica. Na última década (2008-2018), os 23 bancos éticos europeus asseguraram o dobro da rentabilidade da totalidade do sistema bancário europeu, com uma rentabilidade média anual de 3,57% contra 1,79%.
Além deste facto, os bancos éticos evidenciam uma maior eficácia no apoio à economia real e sustentável e na criação / manutenção do emprego. Assim, a participação dos bancos éticos na aplicação dos fundos comunitários poder-se-ia tornar um motor de desenvolvimento sustentável e no relançamento do emprego em setores chave para a concretização de uma nova economia.
Peru Sasia, Vice-Presidente da Fiare Banca Etica e Presidente da FEBEA (Federação Europeia da Banca Ética e Alternativa) destaca que “a reativação económica e a mudança de rumo para uma economia mais estável, mais equitativa, mais justa e sustentável não estão em conflito com a banca ética”. Efetivamente, as finanças éticas demonstram sua vitalidade no momento de maior fraqueza do sistema bancário convencional.
A novidade é que essa força não é apenas social e ambiental, mas também, tendo em conta os dados do relatório, de significativa valorização económica. Os bancos éticos representam 51.000 milhões de euros de ativos e com estes valores renderam, em média, o dobro dos bancos convencionais, na última década. O relatório anual (apresentado nos três últimos anos), apresenta algumas novidades nesta última edição, ou seja, compara-se a estrutura, o crescimento e os retornos dos bancos éticos europeus com os dados dos outros bancos (desta vez não foram apenas referenciados os bancos sistémicos (os chamados “grandes demais para falir”), mas a totalidade dos 4500 bancos que operam na Zona Euro, segundo dados do BCE.
O relatório destaca, como factores significativos para o sucesso da banca ética, a coerência, a orientação para a sustentabilidade e o pensamento de longo prazo.
Também a coerência de princípios: os bancos éticos avaliam não apenas seu impacto, mas também o impacto de suas carteiras e exigem das empresas em que investem os mesmos princípios que orientam a banca ética. Por isso, como destaca o relatório, também praticam uma parceria ativa e, ao mesmo tempo, uma parceria crítica. O relatório apresenta 10 histórias de sucesso de ativismo em projetos financiados pelos bancos éticos. Evidencia-se em todos os projetos uma conjugação das dimensões económica, social e ambiental.
Também os custos da banca ética são mais contidos, como por exemplo, nas políticas de remuneração do pessoal executivo. O relatório indica que, enquanto os grandes bancos pagam aos seus presidentes entre 8 e 12 milhões de euros, a banca ética estabelece um limite máximo de 10 vezes, entre o menor e o maior salário. Além disso, a remuneração aos accionistas é mais estável, acentuando uma visão de longo prazo.
Bancos éticos versus sistema bancário convencional: outros números e impactos
Em 2018, os bancos éticos confirmam a sua maior eficácia no apoio à economia real e na criação / manutenção de empregos nos setores da economia verde e dos direitos humanos dado que a concessão de crédito representou, em média, quase 76,11% do total de ativos de bancos éticos, em comparação com os 39,80% do sistema bancário tradicional da Europa.
De 2008 a 2018, os ativos (e, portanto, o total de investimentos, empréstimos e liquidez), dos bancos éticos cresceram em média 9,91% ao ano perante o crescimento negativo dos bancos europeus convencionais (ou seja, menos 0,31% ao ano dos bancos europeus).
Em 2018 ascenderam a 51.260 milhões de euros (+ 11% face a 2017), quando ascenderam a 46.220 milhões de euros. O mesmo ocorre com os empréstimos a clientes: + 10,55% ao ano em média para a banca ética, contra + 0,39% para os bancos europeus convencionais. Se os fundos europeus fossem consistentes com os princípios das entidades de finanças éticas os 750 mil milhões de euros de reactivação económica que a UE vai atribuir seriam um motor de transformação sem precedentes no espaço europeu se se exigisse aos seus destinatários finais esforços no sentido da sustentabilidade social e ambiental para além da geração efetiva de empregos. Ao mesmo tempo se se exigisse o respeito dos bancos europeus por princípios de ética económica e financeira. Por exemplo, é viável limitar a distribuição de dividendos (conforme exigido pelos bancos centrais já neste momento, em alguns países), é viável limitar os salários dos gestores e é viável estabelecer critérios de sustentabilidade social e ambiental ao beneficiário final da ajuda.
Segundo Ibáñez, “não podemos permitir, mais uma vez, um comportamento bancário pouco responsável com o dinheiro europeu. Os cidadãos já resgataram uma vez o sistema bancário convencional e não o queremos fazer de novo”.
As finanças éticas demonstram que o investimento pode ser gerado e realizado em setores-chave para tornar esses fundos consistentes com outras metas que se tornam inadiáveis para a civilização, como, por exemplo, os acordos de Paris.
Para saber mais:
Mais informação:
Consultar o Relatório de Impacto de 2020:
Consultar o barómetro de 2019 das finanças em Espanha: