Segundo dados recentemente divulgados pela comunicação social, no período de 2001 a 2016 saíram do país com destino a paraísos fiscais 50 mil milhões de euros, o equivalente a 26% do PIB anual português.
Não são necessárias grandes explicações para considerar a existência de paraísos fiscais algo eticamente reprovável e mesmo uma afronta a todos os que suportam a pesada carga fiscal imposta pelo poder político e que recai sobretudo em quem vive do seu trabalho.
Carga fiscal essa que, não obstante, não corresponde, como seria de esperar, a um apreciável nível de qualidade na prestação de serviços de carácter social (saúde, educação, justiça, segurança interna) por parte do Estado.
Efectivamente, uma fatia considerável das receitas fiscais tem vindo a ser aplicada, como todos sabemos, em causas bastante questionáveis, de entre as quais se inclui o caucionamento dos “desvarios” de vários bancos.
Para além disso, a banca tradicional caracteriza-se por uma tal opacidade que não é possível ao depositante saber se as suas poupanças são aplicadas em investimentos duvidosos, especulativos ou social e ambientalmente reprováveis.
Mas existem instituições financeiras que se regem por princípios éticos de transparência e solidariedade. Na banca ética, as poupanças financiam investimentos amigos do ambiente e com impacto social positivo, sendo, por imposições estatutárias, divulgados. Na banca ética, o lucro vem depois do respeito pelo ser humano e pela preservação da Natureza.
Segundo um estudo apresentado ao Parlamento Europeu no passado mês de janeiro e divulgado pela Fundazione Finanza Etica com sede em Itália, entre 2007 e 2017, 23 bancos éticos e sustentáveis sediados na Europa viram crescer os seus activos a uma taxa média anual de 9,66%.
Destes 23 bancos nenhum tem origem ou opera sequer em Portugal. Estaremos condenados a não usufruir das, apesar de tudo, poucas iniciativas válidas e promissoras que vão surgindo pelo mundo fora?
publicado originalmente no blogue “A Areia dos Dias”, em 22 de novembro de 2019, pelo associado Ivo G. Francisco
Espero que venha mesmo.
Estou ansiosa que venha.
É horrível, para mim, imaginar o que estes bancos de Portugal estão a fazer com o meu dinheiro poupado.
Boa tarde Helena,
Efetivamente as soluções existem… o problema é que implicam muito trabalho, muita motivação para se efectivarem.
Veja o artigo que colocámos no blog sobre a rede brasileira de bancos comunitários. Encontra mais informação e conhecimento na rede COOP 57, de Espanha. A Coop 57 é uma cooperativa de finanças éticas que se iniciou na Catalunha e que já é uma realidade nas diferentes regiões do país vizinho. A Helena pode tornar-se cooperado da Coop 57… Enquanto não temos alternativas no nosso país, é um bom modo para investir na economia solidária, sabendo a Helena em que projetos de desenvolvimento é que o seu dinheiro está sendo aplicado. Pesquise também por FEBEA – Federação Europeia da Banca Ética e Alternativa..
Entretanto, por cá, vamos ter de esperar até que alguém resolve agregar esforços e, por exemplo, fazer chegar a Portugal um pólo das Coop 57 !