A RPES na Feira de Economia Solidária da Catalunha

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De 23 a 25 de agosto, a RPES participou na Feira de Economia Solidária da Catalunha, na cidade de Barcelona. Esta Feira já vai na sua quarta edição e decorreu à volta de quatro eixos temáticos:

  1. Economia social e solidária, desenvolvimento comunitário e mercado social;
  2. Consumo responsável e soberania alimentar;
  3. Perspectivas feministas na economia;
  4. Direitos fundamentais e economia social e solidária.

A feira decorreu numa antiga fábrica têxtil, entretanto recuperada como espaço inter associativo e cooperativo, espaço de cultura e de educação e amplos espaços para os mais diversos tipos de eventos e exposições. Ali convive também a arqueologia industrial!

Em representação da Rede Portuguesa de Economia Solidária, estiveram na feira a Coop Verdeperto (Rossio ao Sul do Tejo – Abrantes), a Coop Terra Chã (Aldeia de Chãos – Rio Maior), a Associação A3S (Porto), a Cooperativa Produtos da Nossa Terra de Miro (Penacova), a Cooperativa Persona (Abrantes) e a Associação Ecogerminar (Juncal do Campo – Castelo Branco), promovendo os seus produtos locais e divulgando as suas atividades.

12189306_599313313540258_3178556553278913198_oA abertura aconteceu na sexta-feira à noite com uma conferência onde participaram as redes organizadoras e a “alcaidessa” de Barcelona. No dia seguinte, pela manhã, o bulício e a interacção era enorme com as organizações a montar as suas bancas e vivendo já o momento de feira, de partilha e de trocas.

De hora a hora, aconteciam conferências, mesas redondas e mostra de experiências com uma participação muito significativa e empenhada onde o debate era intenso e animado. Pelos espaços abertos havia uma constante mostra de atividades culturais.

12183743_599313390206917_4636669463643104103_oA integrar tudo isto, à entrada na feira, participantes na mostra e visitantes trocavam os seus euros pela moeda “ECOSOL” e no certame, todas as compras se processavam com recurso a esta moeda social. À saída e no final da feira, os visitantes e os expositores voltavam à mesa, trocando a moeda alternativa por euros.

Pela feira era possível encontrar cooperativas e formas alternativas de resolver o grave problema da habitação na cidade de Barcelona, organizações de reciclagem e transformação de roupa com o apoio de designers, cooperativas de crédito e finanças alternativas que criam fundos de investimento e apoiam projectos de desenvolvimento local e de economia solidária, banco éticos que já estão instalados em Espanha (para quando a sua chegada a Portugal?), projectos de apoio na saúde que articulam serviços médicos com cidadãos, cooperativas de alimentação saudável e alternativa, empreendimentos agrícolas, cooperativas e associações de cultura e lazer, organizações de trabalho cooperativo, desde advogados a toda a variedade de profissões, cooperativas de ensino e educação, etc.

Sabe o que é a economia do absurdo ?

12191201_599312860206970_5214535725846142197_o_FotorAté deu para perceber que existe a economia do absurdo, ou seja aquela economia “em que comprar mais barato contribui para criar desemprego e outros graves problemas”. Ou seja o sistema em que vivemos, em que vamos ao hipermercado, muito alegres, comprar a fruta e outros bens alimentares que são produzidos no outro lado do mundo quando ao nosso lado os agricultores têm dificuldade no escoamento dos seus produtos. Ou quando, nas nossas escolas, nos refeitórios escolares, os alunos ingerem refeições fornecidas por multinacionais, onde, a simples batata e o bife “andaram” milhares de quilómetros até à mesa do refeitório. Foi possível perceber que muitos municípios, nos contratos de adjudicação das refeições, optam por processos locais ou incluem cláusulas contratuais que obrigam as empresas a comprar na proximidade geográfica parte dos produtos consumidos, dinamizando as economias locais e, também, tendo como valor a pegada ecológica.

12189277_599313473540242_2507112284029634168_oCerca de 190 entidades e organizações receberam, durante dois dias 20 000 visitantes, criando um verdadeiro espaço de comunicação e de uma outra economia, dando à evidência que é possível formas económicas alternativas que respeitem a vida, a natureza, a transparência, a equidade e o futuro.

No domingo, pelas 13h, a Rede Portuguesa de Economia Solidária foi convidada a encerrar os debates e conferências. A Dra. Cristina Parente, da Universidade do Porto e elemento directivo da Associação A3S traçou o perfil da economia solidária em Portugal e o trabalho que a Rede Portuguesa de Economia Solidária está a desenvolver. De seguida, a Cooperativa Terra Chã e a Cooperativa Verdeperto apresentaram os seus projetos e as suas actividades.

12186402_599313606873562_7394868945835200589_oPara além das organizações portuguesas presentes, um grupo de 22 portugueses participou nas actividades da Feira e realizaram diversas visitas a empreendimentos cooperativos e de economia solidária, desde cooperativas agrícolas que fazem trabalho inclusivo com pessoas portadoras de deficiência, até uma organização cooperativa de 2º grau (grupo cooperativo eco’s) que agrupam no mesmo espaço 15 cooperativas das mais diversas áreas, gerando entre si um valor acrescentado muito significativo, quer na partilha de conhecimento e de mercados, quer na gestão e utilização dos espaços comuns. Realce, também para a visita à Cooperativa Coletivo Ronda, uma cooperativa de advogados fundada em 1978 que agrupa 70 advogados e 30 pessoas de secretariado, com cerca de 20 00 clientes por ano, 12 000 dos quais pagam uma quota anual de 50 euros, tendo, em contrapartida, acesso a apoio jurídico e desconto de 30% quando se constituem processos. Como cooperativa definiram um tecto salarial de 1-2,5, tendo como critérios uma maior responsabilidade dentro da cooperativa e as despesas e encargos familiares.

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